quinta-feira, 18 de março de 2010

Ah, esse Vinícius...



O que tinha de ser

Porque foste na vida
A última esperança
Encontrar-te me fez criança
Porque já eras meu
Sem eu saber sequer
Porque és o meu homem
E eu tua mulher

Porque tu me chegaste
Sem me dizer que vinhas
E tuas mãos foram minhas com calma
Porque foste em minh'alma
Como um amanhecer
Porque foste o que tinha de ser.

Sedutor, bon vivant, romântico inveterado, conquistador incorrigível, poeta irrepreensível, amante da vida, Vinícius de Moraes, nosso grande poetinha, soube viver. E deixou como herança alguns dos mais belos poemas de amor e paixão.

(Quem souber o crédito da foto, que inclui o parceiro Toquinho, favor me dizer.)

quarta-feira, 3 de março de 2010

Mais um da Sylvia

Por que será que sou tão fascinada por essa escritora tão lúcida e louca que pediu pra sair da vida no ano em que nasci? Talvez nuncasaiba a resposta. Por hora, um poema:

Canção de Amor da Jovem Louca

Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro
Ergo as pálpebras e tudo volta a renascer
(Acho que te criei no interior da minha mente)

Saem valsando as estrelas, vermelhas e azuis,
Entra a galope a arbitrária escuridão:
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.

Enfeitiçaste-me, em sonhos, para a cama,
Cantaste-me para a loucura; beijaste-me para a insanidade.
(Acho que te criei no interior de minha mente)

Tomba Deus das alturas; abranda-se o fogo do inferno:
Retiram-se os serafins e os homens de Satã:
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.

Imaginei que voltarias como prometeste
Envelheço, porém, e esqueço-me do teu nome.
(Acho que te criei no interior de minha mente)

Deveria, em teu lugar, ter amado um falcão
Pelo menos, com a primavera, retornam com estrondo
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro:
(Acho que te criei no interior de minha mente.)

Sylvia Plath