terça-feira, 6 de março de 2012

Por que ler Gabriel García Marquez.


Porque esse colombiano é considerado pela crítica literária mundial, como um dos mais importantes escritores do século XX.
Porque escreveu alguns dos mais importantes livros da literatura contemporânea.
Porque foi o criador do realismo mágico.
Porque seu mais famoso livro, "100 anos de Solidão", publicado em 1967, tornou-se um marco na literatura latino-americana: a segunda obra mais importante da literatura hispânica, depois de "Dom Quixote de la Mancha".
Porque esse mesmo livro  foi traduzido em 35 idiomas com venda calculada em mais de 30 milhões de exemplares.

Porque em 1982 ganhou o prêmio Nobel de Literatura pelo conjunto de sua obra.
Por causa de Macondo.
Pela saga da família Buendía.
Pelo "Relato de um Náufrago" e pela "Notícia de um Sequestro".
Pela paixão tardia de um ancião de 90 anos por uma adolescente virgem.
Por causa do amor de Firmina Dazo e Florentino Ariza, que demorou 53 anos, 4 meses e 11 dias para se concretizar.
Pela morte anunciada de Santiago Nazar.
Porque hoje ele completa 85 anos.

domingo, 4 de março de 2012

O Carrasco do Amor (Dr. Irving D. Yalom)

Autor do best seller "Quando Nietzche chorou", em "O Carrasco do Amor", Dr Irving D. Yalom relata os casos de 10 pacientes que buscaram terapia pelos mais diversos motivos - solidão, impotência, depressão, obesidade - e no decorrer do tratamento se debateram com a dor existencial.

Segundo ele, toda terapia consiste em evocar o desejo - o querer de cada um:
"Eu quero de volta minha filha morta."
"Eu quero toda mulher que vejo."
"Eu quero os pais, a infância que nunca tive."
Descobrir o querer e enfentar as dores que marcam sua vida é a chave para um maior sucesso na cura da angústia .
Por meio dessas histórias verídicas, Dr.Irving demonstra que é possivel enfrentar as verdades da existência e aproveitar o seu poder para a mudança e o crescimento pessoal.
Mesmo com autorização expressa dos pacientes para publicação de suas histórias, o autor teve o cuidado de camuflar um pouco, mudando características, de forma a proteger suas identidades.
E ainda que seja ele o psiquiatra, também se debate com dificuldades em atender alguns casos, enfrentando seus próprios medos e preconceitos, como na terapia de Betty, descrita no conto intitulado " A Mulher Gorda".
Betty chegara ao consultório solitária, deprimida e pesando 115 kg. A primeira impressão por parte de Dr. Irving foi de afastamento: "Ela se sentava alta na cadeira como se estivesse sentada em seu próprio colo. Seria possível que suas coxas e nádegas fossem tao infladas que os pés teriam de ir mais longe para alcançar o chão?"
Tendo aversão a pessoas obesas, o médico revela que precisou vencer suas próprias dificuldades para admirar - e abraçar - a Betty que acabou surgindo ao longo do tratamento, durante o qual perdeu mais de 35 kg.
No conto que dá nome ao livro, "O Carrasco do Amor", Dr. Yalom se desdobra para entender o enigma de Thelma, que aos 70 anos de idade, cabelos amarelos despenteados, e tremor senil no queixo, confessava estar perdidamente apaixonada por um homem 30 anos mais novo, seu antigo terapeuta - que nao via há oito anos.
" O amor deThelma era monstruosamente desequilibrado, não continha nenhum prazer; sua vida era um completo tormento". E mais à frente:
" Havia algo de incongruente na ideia de uma mulher desgrenhada de 70 anos de idade, apaixonada, doente de amor. Ela sabia disso, eu sabia disso e ela sabia que eu sabia."
A terapia de Thelma acaba dando um resultado positivo, mas não da forma como o médico esperava.
"Se o estupro fosse legal" conta a história de Carlos, um paciente divorciado, solitário e debilitado, que lutava contra um linfoma raro, agora em estágio teminal. Amargurado, Carlos buscava desesperadamente uma esposa, enquanto repelia a aproximação das pessoas pela acidez de seus comentários.
Durante o atendimento, Dr Irving se depara com uma das mais difíceis situações e enigmas enfrentados por psiquiatras: "Que sentido faz falar sobre tratamento ambicioso com alguém cujo periodo de vida previsto talvez seja, na melhor das hipoteses, uma questão de meses?"
A resposta viria no decorrer do tratamento: o paciente sarcástico e ansioso deu lugar a um homem sereno e agradecido que acabou criando um grupo de terapia para outros pacientes com câncer.
Carlos não só assumiu e enfrentou a inevitabilidade da morte, como também deu ao seu terapeuta "o maior presente" que ele poderia receber."Quando eu o visitei no hospital ele estava tão fraco que mal conseguia se mexer, mas ergueu a cabeça, apertou minha mão e sussurrou:  - Obrigado por salvar a minha vida."
Em "Morreu o filho errado", Dr. Yallom trata de Penny, 38 anos, uma mulher divorciada, robusta e envelhecida que perdera a filha com leucemia, pouco antes de fazer 13 anos, após 4 anos de sofrimento. Com mais dois filhos adolescentes (ambos desajustados), ela se separara do marido e congelara sua tristeza, sem conseguir lidar com a dor da perda. Como efeito do atendimento, ela revela que se sentia culpada por não se lembrar da morte da filha e por não ter podido ajudá-la na hora da partida, porque se recusava a deixá-la ir embora.
"A pior coisa que se pode fazer a alguém é a morte solitária. E fora assim que ela deixara sua filha morrer. "
No processo de terapia, Dr Yalom se divide entre entender a dor de Penny  -"É crime manter a esperança ? Que mãe quer acreditar que a filha tem de morrer?" -  e, ao mesmo tempo, ajudar a paciente a recompor sua vida, livrando-se da culpa.
" Perder um filho é perder o futuro. O que é perdido nada mais é do que o projeto de vida,"
"Deixá- la partir nao é o mesmo que esquecê-la e ninguem está te pedindo pra desligar um interruptor."
Pouco a pouco, a paciente conseguirá verbalizar o que tanto a deprime: "Eu tive 3 filhos, um deles era um anjo e os outros dois- olhe para eles - um na cadeia e outro viciado. Eu tive 3 filhos e morreu o filho errado."
Por meio de histórias como as de Thelma, Carlos, Betty e Penny, com as quais, muitos poderão se identificar, Dr Irving revela para os leitores como funciona a relação paciente- psiquiatra, sem medo de expor sua própria fragilidade, preconceitos, temores e erros.
Útil tanto para profissionais como para qualquer pessoa interessada na natureza humana, "O Carrasco do Amor" conta história de gente que enfrentou seus demônios e medos para descobrir um significado para sua vida.

"O Carrasco do Amor"
Dr. Irving D. Yalom
Ediouro
2007