Autor do best seller "Quando Nietzche chorou", em "O Carrasco do Amor", Dr Irving
D. Yalom relata os casos de 10 pacientes que buscaram terapia pelos mais
diversos motivos - solidão, impotência, depressão, obesidade - e no decorrer do
tratamento se debateram com a dor existencial.
Segundo ele, toda terapia
consiste em evocar o desejo - o querer de cada um:
"Eu quero de volta
minha filha morta."
"Eu quero toda mulher que vejo."
"Eu quero os pais, a
infância que nunca tive."
Descobrir o querer e enfentar as dores que
marcam sua vida é a chave para um maior sucesso na cura da angústia .
Por
meio dessas histórias verídicas, Dr.Irving demonstra que é possivel enfrentar as
verdades da existência e aproveitar o seu poder para a mudança e o crescimento
pessoal.
Mesmo com autorização expressa dos pacientes para publicação de suas
histórias, o autor teve o cuidado de camuflar um pouco, mudando características,
de forma a proteger suas identidades.
E ainda que seja ele o psiquiatra,
também se debate com dificuldades em atender alguns casos, enfrentando seus próprios medos e preconceitos, como na terapia de Betty, descrita no conto
intitulado " A Mulher Gorda".
Betty chegara ao consultório solitária,
deprimida e pesando 115 kg. A primeira impressão por parte de Dr. Irving foi de
afastamento: "Ela se sentava alta na cadeira como se estivesse sentada em
seu próprio colo. Seria possível que suas coxas e nádegas fossem tao infladas
que os pés teriam de ir mais longe para alcançar o chão?"
Tendo aversão a
pessoas obesas, o médico revela que precisou vencer suas próprias dificuldades
para admirar - e abraçar - a Betty que acabou surgindo ao longo do tratamento,
durante o qual perdeu mais de 35 kg.
No conto que dá nome ao livro, "O Carrasco do Amor", Dr. Yalom
se desdobra para entender o enigma de Thelma, que aos 70 anos de idade, cabelos
amarelos despenteados, e tremor senil no queixo, confessava estar perdidamente
apaixonada por um homem 30 anos mais novo, seu antigo terapeuta - que nao via há
oito anos.
" O amor deThelma era monstruosamente desequilibrado, não
continha nenhum prazer; sua vida era um completo tormento". E mais à frente:
" Havia algo de incongruente na ideia de uma mulher desgrenhada de 70 anos
de idade, apaixonada, doente de amor. Ela sabia disso, eu sabia disso e
ela sabia que eu sabia."
A terapia de Thelma acaba dando um resultado
positivo, mas não da forma como o médico esperava.
"Se o estupro fosse legal"
conta a história de Carlos, um paciente divorciado, solitário e debilitado, que
lutava contra um linfoma raro, agora em estágio teminal. Amargurado, Carlos
buscava desesperadamente uma esposa, enquanto repelia a aproximação das pessoas
pela acidez de seus comentários.
Durante o atendimento, Dr Irving
se depara com uma das mais difíceis situações e enigmas enfrentados por
psiquiatras: "Que sentido faz falar sobre tratamento ambicioso com alguém cujo
periodo de vida previsto talvez seja, na melhor das hipoteses, uma questão de
meses?"
A resposta viria no decorrer do tratamento: o paciente sarcástico e
ansioso deu lugar a um homem sereno e agradecido que acabou criando um grupo de
terapia para outros pacientes com câncer.
Carlos não só assumiu e enfrentou a
inevitabilidade da morte, como também deu ao seu terapeuta "o maior presente"
que ele poderia receber."Quando eu o visitei no hospital ele estava tão
fraco que mal conseguia se mexer, mas ergueu a cabeça, apertou minha mão e
sussurrou: - Obrigado por salvar a minha vida."
Em "Morreu o filho errado", Dr.
Yallom trata de Penny, 38 anos, uma mulher divorciada, robusta e envelhecida que
perdera a filha com leucemia, pouco antes de fazer 13 anos, após 4 anos de
sofrimento. Com mais dois filhos adolescentes (ambos desajustados), ela se
separara do marido e congelara sua tristeza, sem conseguir lidar com a dor da
perda. Como efeito do atendimento, ela revela que se sentia culpada por não se
lembrar da morte da filha e por não ter podido ajudá-la na hora da partida,
porque se recusava a deixá-la ir embora.
"A pior coisa que se pode fazer a
alguém é a morte solitária. E fora assim que ela deixara sua filha morrer.
"
No processo de terapia, Dr Yalom se divide entre entender a dor de Penny -"É
crime manter a esperança ? Que mãe quer acreditar que a filha tem de morrer?" - e, ao mesmo tempo, ajudar a paciente a recompor sua vida, livrando-se da
culpa.
" Perder um filho é perder o futuro. O que é perdido nada mais é do
que o projeto de vida,"
"Deixá- la partir nao é o mesmo que esquecê-la e
ninguem está te pedindo pra desligar um interruptor."
Pouco a pouco, a
paciente conseguirá verbalizar o que tanto a deprime: "Eu tive 3 filhos, um
deles era um anjo e os outros dois- olhe para eles - um na cadeia e outro
viciado. Eu tive 3 filhos e morreu o filho errado."
Por meio de histórias
como as de Thelma, Carlos, Betty e Penny, com as quais, muitos poderão se
identificar, Dr Irving revela para os leitores como funciona a relação paciente-
psiquiatra, sem medo de expor sua própria fragilidade, preconceitos, temores e erros.
Útil tanto para profissionais como para qualquer pessoa
interessada na natureza humana, "O Carrasco do Amor" conta história de gente que
enfrentou seus demônios e medos para descobrir um significado para sua
vida.
"O Carrasco do Amor"
Dr. Irving D. Yalom
Ediouro
2007
Como não ficar envolvida com um texto que nos traz até os limites da curiosidade sadia em saber como se resolveram tais enredos?Vindo por gerações, está óbvio o seu talento não só para criar a expectativa como certamente para tornar público os seus próprios enredos...Se não os tem neste momento, verdadeiramente,
ResponderExcluircria-os com urgência!Divide a sua capacidade e submeta-se à glória e sacrifício do parecer alheio! O dom é perceptível!
Li mais esse seu texto e estou torcendo:será que na Biblioteca Estdual tem? Prá quem desconhece, fica a dica: perto dos pescadores da Praia do Suá, dois livros por data com 15 dias prá devolução, TOTALMENTE GRATUITO o empréstimo!!!!!!!!
Dani, obrigada pelas palavras gentis.Espero que ache o livro mas também posso te emprestar! Quanto à Biblioteca, só tem que dizer que fica em Vitória-ES, não é, amiga? Beijos, boas leituras!
ResponderExcluirHá,há! Coisa de gente provinciana da capital, que esquece que não é capital do mundo! Mas que procurem cada qual em seu estado natal, porque há de ter!Mas que nem me toquei, aí que cruel realidade,kkkkkk!Beijo!!!!!!
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