sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O Caçador de Pipas


Romances sobre culturas diferentes como o Afeganistão têm sido uma febre nos últimos anos. Olho-as com um pouco de reserva. As pessoas tendem a olhar o "diferente" com encantamento, porém é um encantamento meio falso. Dura o tempo de ser uma válvula de escape. Como se dissessem: - Ainda bem que eu não vivo nesse lugar ou nessa cultura. Não chega a ser um interesse real. Histórias contadas em forma de narrativa sempre deixam um fio de incerteza: -Será que isso realmente aconteceu? - o que prende ainda mais o leitor. É o caso de O Caçador de Pipas, de Khaled Hosseini.

O livro conta a história de um afegão há muito tempo emigrado nos Estados Unidos, que se vê obrigado a acertar as contas com o passado numa viagem de retorno a seu país de origem. O que ele teria deixado para trás?
Ao longo da história, lê-se nas entrelinhas o tempo todo, um sentimento de culpa e remorso. Na primeira parte do livro, sente-se exatamente como se sentia o menino Amir, gostando e, ao mesmo tempo, repudiando seu amigo. O amor e a vergonha que sentia por Hassan, dócil, solícito e afetuoso. Uma bondade que chega a nos enervar, visto que sentimos que não é totalmente correspondida. Apesar de não poder estudar, Hassan acordava todas as manhãs e preparava o desjejum de seu amigo. Amir compensava lendo para Hassan as histórias que ele jamais poderia decifrar.
Tendo ido morar nos EUA deixando para trás Hassan e o caos do país, Amir volta, já adulto, para tentar se redimir de eventos do passado. É quando a história assume tom rocambolesco e quase inverossímil. Por muitos momentos, senti-me como se o autor quisesse arrancar lágrimas do leitor pura e simplesmente. Certas partes são extremamente dolorosas. Porém, outras, muito rasas, muito cruas, sem estilo. A cultura de castas no Afeganistão era e é injusta. Forma pessoas que, mesmo que não concordem com ela, nada fazem para mudá-la. Dizem que O Caçador de Pipas é uma história de amizade entre os dois meninos, Amir e Hassan. No meu entender, é a história da amizade de Hassan por Amir, seu desvelo e cuidado, e de como ela ficou marcada na vida do amigo. Não me dei ao trabalho de assistir ao filme. Para mim, seria mais um caça-níquel.

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