quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Eterno.

Conheci Carlos Drummond de Andrade aos 12, 13 anos. Talvez até muito cedo, para ter a real noção da grandeza daquele que, na época, já era um senhor, taciturno, tímido e genial.

Em pouco tempo, ele se tornou inspiração em minhas tentativa de poemas, assim como o foram Bandeira, Quintana e Vinícius. (Esses homenzinhos maravilhosos são fonte de inspiração para qualquer pessoa que ame as letras.)
E o querido Drummond cresceu diante de meus olhos adolescentes, me acompanhando até os dias atuais.
Falar do nosso poeta maior é tarefa que dá frio na barriga. Difícil pensar em poesia, sem lembrar do gauche Carlos. Inexato defini-lo em poucas palavras, ele que tão bem se definiu em versos.
Impossível se aprofundar em sua obra e sair incólume.
De uma “pedra no meio do caminho” a um certo “João que amava Teresa que amava Raimundo.”
E, por falar em Raimundo, “mundo, mundo, vasto mundo”!
Adiante, ele “perde o bonde e a esperança e volta pálido para casa”.
Fala de "um tempo em que não adianta morrer.
Um tempo em que a vida é uma ordem”.
E lamenta por ter "apenas duas mãos e o sentimento do mundo".
Cita sua Itabira natal, “apenas uma fotografia na parede (e como dói)”.
Mais à frente, compõe os mais belos poemas de amor, inclusive eróticos.
Lembra que "o amor foge a dicionários e a regulamentos vários".
E proclama: “Já sei a eternidade: é puro orgasmo”.

Há 24 anos Carlos Drummond de Andrade partiu para fazer poemas no céu.
E a nós, órfãos de seus versos, só resta agradecer por esse brasileiro - tão mineiro - ter se tornado tão humanamente universal.
Diria ele: "E como ficou chato ser moderno, agora serei eterno."
Assim seja, Carlos.




Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, Minas Gerais, em 31 de outubro de 1902 e morreu na cidade do Rio de Janeiro, RJ, em 17 de agosto de 1987. É considerado um dos maiores poetas do modernismo brasileiro.

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