Um homem sério,
introspectivo, obcecado pelo saber. Atormentado por fantasmas interiores e
desejos nem sempre confessáveis. Um homem que amava mais o processo de
criação do que a própria obra. Que se sentia sempre menor entre seus
pares. Por trás de uma aparência serena e circunspecta, trazia na alma um
turbilhão de paixões. Infatigável na busca de conhecimento, não queria apenas
saber mais e mais. Queria transmitir. Um pacifista por natureza. E um eterno
insatisfeito.
Esse é o homem
retratado pela escritora francesa Dominique Bona na obra "Stefan Zweig - Uma biografia",
publicado pela Editora Record, em 1996.
Nele, a autora faz
uma cuidadosa análise da vida do maior autor austríaco, da juventude tranquila
em Viena até a maturidade, com intensa produção intelectual, que o tornou um
dos escritores mais lidos do mundo.
Filho de uma abastada família judia, Stefan Zweig (1881-1942) fez da primeira metade de sua vida uma viagem constante, passando temporadas hospedado na casa de amigos intelectuais.
Filho de uma abastada família judia, Stefan Zweig (1881-1942) fez da primeira metade de sua vida uma viagem constante, passando temporadas hospedado na casa de amigos intelectuais.
Em 1902, publicou
sua primeira obra, Silberne Saiten (Cordas de Prata), uma
coletânea de poemas. Desde então, não parou mais de produzir. Traduziu
para o alemão obras de Keats, Morris Yeats e Verlaine. Foi amigo de Rainer
Maria Rilke, Roman Rolland, Rimbaud,Thomas Mann e Sigmund Freud. Tendo por
estilo as narrativas curtas, especializou-se em novelas, gênero onde se revelou
um verdadeiro gênio.
Stefan Zweig e Friderike |
Escritor profícuo,
em 60 anos de vida produziu inúmeras obras, entre novelas, biografias, peças de
teatro, óperas e incontáveis palestras na Europa e América. Entre algumas de
suas principais obras estão "Cartas de uma desconhecida"(1922 ),
"24 horas na vida de uma mulher" (1922), Angústia (1925), Confusão de
Sentimentos (1927) e Amok (1922). Como autor dramático, obteve sucesso com
peças como "A Metamorfose da Comédia" e "A Mansão à
Beira-mar". Muitos de seus romances foram transformados em filmes,
até hoje considerados atuais.
Já o homem Stefan
Zweig era, antes de tudo, um curioso da natureza humana.
Zweig e Lotte |
Colecionava
romances e, aparentemente, não se entregou verdadeiramente a nenhum. No
entanto, casou-se duas vezes. A primeira, em 1915, com uma escritora divorciada
de olhos negros, Friderike Maria Von Winsternitz, mãe de duas filhas. E a
segunda, em 1939, com Charlotte Altman, polonesa radicada na Inglaterra,
26 anos mais nova, de saúde frágil, que se tornou sua sombra. Mesmo casado,
nunca renunciou a outros romances, que chamava “episódios”. Paixão mesmo, só
pelos livros. E pela alma humana. Na amizade, entretanto, era o mais fiel
dos amigos.
A vida tranquila de
Stefan começou a ruir com a ascensão do nazismo. Quando, em 1938, a
Alemanha anuncia oficialmente a anexação da república austríaca e a converte
numa província do III Reich, um estupefato Zweig percebe que o mundo no qual
acreditava não mais existia.
“Seus livros são
retirados das livrarias e bibliotecas, proibidos de ter qualquer publicidade e
de ser comentado na imprensa.”
A casa de Petrópolis |
Ele renuncia à
nacionalidade austríaca e torna-se cidadão britânico. Sem pouso certo, passa a
percorrer países defendendo a causa pacifista. “Sempre com a pena na mão, entre
um artigo e um folhetim, entre a redação de uma conferência e uma tradução,
tudo o que faz não tem senão um objetivo: a paz entre as nações.”
Deixando a Inglaterra,
o escritor mora na França, em Nova York e finalmente no Brasil, onde desembarca
em 1941, com sua segunda esposa, Lotte. Decide viver na cidade de
Petrópolis, Rio de Janeiro, que lembrava sua terra natal. Encantado com o povo,
a natureza e o potencial do país, aqui escreve "Brasil, País do
Futuro."
Stefan Zweig - Uma Biografia
Dominique Bona
Editora Record
384 páginas
Dominique Bona
Editora Record
384 páginas
Nenhum comentário:
Postar um comentário